Há 500 anos, o Duque Wilhelm IV da Baviera e Ludwig X criaram a Reinheitsgebot, conhecida como lei da Pureza Alemã. Por esta norma, a cerveja deve ser feita com base em três ingredientes: cevada, lúpulo e água. Vale lembrar que na época a levedura não era usada na fabricação da cerveja e só foi inserida séculos depois.
A lei da pureza é considerada o primeiro documento a garantir ao consumidor que a cerveja alemã seria produzida com a mais alta qualidade, rejeitando bebidas que diziam ser cerveja mas que usavam trigo, arroz milho e outros adjuntos na sua fabricação.
Outra versão para a promulgação da lei da pureza diz que ela veio da necessidade de se controlar a demanda por trigo, pois o uso desse ingrediente para a fabricação da cerveja estava encarecendo o preço do pão.
Antes dela, outras leis para regulamentar o mercado cervejeiro foram editadas, mas nenhuma “pegou” tanto quanto esta. A maioria das normas anteriores tratavam de questões econômicas ou mesmo da qualidade dos produtos.
Uma dessas leis, foi publicada em 1487 pelo duque Albrecht IV da Baviera e serviu de inspiração para a Reinheitsgebot. Ela também regulamentava a fabricação da cerveja.
A aceitação da lei da pureza da Baviera foi tão grande que ela se espalhou pelas regiões vizinhas. Em 1906, foi adotada por todo o Império Alemão incluindo o fermento e o trigo maltado como ingredientes.
Suiça, Grécia e Noruega também passaram a adotar a lei.
Atualmente, algumas cervejarias colocam em seu rótulo que seguem integralmente a lei da pureza para mostrar que seu produto tem qualidade e que não usam adjuntos na fabricação.
Só para se ter uma ideia da seriedade do assunto, em 1986, o cervejeiro Helmut Keininger chegou a ser preso por colocar adjuntos na sua cerveja. Isso foi tão prejudicial para a sua carreira que ele se matou na cela da prisão.
Com a globalização, cervejeiros alemães tiveram que abrir mão de algum dos preceitos da lei da pureza para se adequar à mercados com um paladar voltado para produtos mais leves e frutadas.
A Reinheitsgebot não se aplica as cervejas exportadas pela Alemanha. Elas foram legalmente adulteradas para ter uma maior aceitação e para ter uma validade maior.
Apesar de todas as críticas que a lei da pureza sofre, a Associação de Cervejeiros Alemães não acha que os quatro ingredientes limitam a variedade de tipos de cerveja. Muito pelo contrario! É possível ter inúmeras variações de um mesmo estilo de cerveja. Eles lembram que pode-se provar na Alemanha um tipo diferente de cerjeva durante 15 anos.
E, se alguém ficou curioso para saber onde está o documento da lei da pureza, saiba que a cópia original está em exibição na Livraria Estadual da Baviera, em Munique.
Fontes:
- Cerveja para leigos - Marty Nachel e Steve Ettilinger - 2° edição.
- Larousse da cerveja - Ronaldo Morado - 1° edição.
- http://g1.globo.com/mundo/
Esse post foi escrito pela Jornalista e Cervejeira Roberta Lopes, uma guria sagaz que veio tomar uma cerveja e resolveu levar esse bate papo com vocês.
Aliás, podem ir se acostumando com essa figurinha aqui, ela vai tomar muita cerveja conosco.